A arte do erro
É delicioso dançar nas pontas dos seus dedos
Encontrar meu equilíbrio nas suas ondulações é magia pura
O prazer na orgia das nossas intenções misturadas é o ápice
Há algo entre nós se entrelaçando até sermos outros de nós
Cada um sendo definido diante da própria essência imutável
Os ciclos que protegem o âmago permitem a troca de fluidos
Os pensamentos se acasalam entre montanhas e planícies
As palavras vão sendo jorradas em êxtases que cada um retém
O que estava quieto e à espera acumula-nos inundando-nos
No meu naufrágio submerso, você transborda me levando junto
No silêncio precioso, sons mudos fazem escândalos saborosos
É calado que aquilo que quer ser, enfim ocorre e fica sendo
São nos aparentes erros que estão os maiores e melhores acertos
Conjunção distraída é efetivamente a que vale a pena comungar
O premeditado tem conhecimento prévio, o acaso não, nunca!
O carrossel apenas sempre girará monótono pelo mesmo círculo
Porém, escalar montanhas, caminhar por trilhas, trará surpresas
E o melhor de tudo: não há uma montanha e uma reta, mas muitas
Não há um motivo para ser círculo, mas todos para ser infinito
Nem toda pedra bruta deve ser totalmente lapidada ou refinada
No excesso do polimento há o risco de ser quebrada a beleza
Um bom artesão sabe o momento entre a perfeição e a catástrofe