NASCIMENTO

Tal cena de folhetim, dois corpos esguios e pálidos caminham sob a luz do luar acompanhados pelo Rio que me parece um tanto modesto, fadado ao silêncio. Entre um passo e outro, alguns olhares se desviam acanhados; os lábios, embora umedecidos freneticamente pela saliva quente, teimam à secura que parece não ter fim; e os olhos como dois faróis, refletem o brilho da noite guiando corações perdidos pela névoa das desilusões.

As mãos se tocam casualmente e decidem, embora trêmulas, permanecerem assim, aconchegadas uma a outra. O Rio continua em silêncio e ouço ao fundo o que me parece ser uma sinfonia de batuques cardíacos, sem regência, livres, seguindo seu próprio compasso.

É tarde! Mas a Noite parece não se importar muito com isso; em tempos de ódio um amor nasceu!!