ÀS CARPIDEIRAS
Pois bem.
Não se pode dissecar o que ainda respira entre velas, mesmo que mãos apressadas batam os sinos, antecipando o momento em que desilusões cobrirão as esperanças com terra escorrendo entre dedos, que não se sabiam tão ágeis ao acenar Adeus.
Claro que carpideiras não se furtarão ao gozo de gargalhar, escandalosamente, na certeza de que o que tanto queriam, aconteceu.
(ah ... me avisaram, sim, muitas vezes. Tinham pressa - não eu).
Imagino a impaciência das suas vestes de seda que os cabides marcaram com poeira e pó de puro aço rondando vales, no desce-sobe ao cume da montanha, em vigília nas frestas de portas semi-abertas e janelas discretas, que cortinas impediram melhor escuta do pouco caso e da falta de atenção.
E se pudessem apreciar o desprezo escorrendo no vinho relegado ao abandono na geladeira?
Orgasmo geral.
Não que eu queira odiar as mãos que arrepiaram minha pele e a voz que foi música em meus ouvidos, em noites de agonia e solidão.
Não.
Sou grata pelo vazio muitas vezes evitado e pelos risos que alegraram pensamentos à beira da loucura. Mas, por eles, acredite, jurei jamais me esquecer de ser agradecida.
Não espero, nem esperarei, sinceridade do que porventura ficou por ser dito.
Porque a hora da sinceridade passa.
E tanto esperei pelo que não veio, que me cansei.
Cartas na mesa, agora, a nada mais serviriam.
Viu a toalha secando no varal ?
Deixe que pensem que fui enganada.
Só peço que (ao menos) não me enterrem, enquanto meus olhos não estiverem totalmente cerrados.
A não ser que não tenham medo de assombração.
Então, não diga.
Nada diga.
Porque já pensou se eu resistir à parafina que cobre meu corpo, e
ainda sonhar, um dia, ter vida ?
.
Rep/26Nov2009
.
.
Pois bem.
Não se pode dissecar o que ainda respira entre velas, mesmo que mãos apressadas batam os sinos, antecipando o momento em que desilusões cobrirão as esperanças com terra escorrendo entre dedos, que não se sabiam tão ágeis ao acenar Adeus.
Claro que carpideiras não se furtarão ao gozo de gargalhar, escandalosamente, na certeza de que o que tanto queriam, aconteceu.
(ah ... me avisaram, sim, muitas vezes. Tinham pressa - não eu).
Imagino a impaciência das suas vestes de seda que os cabides marcaram com poeira e pó de puro aço rondando vales, no desce-sobe ao cume da montanha, em vigília nas frestas de portas semi-abertas e janelas discretas, que cortinas impediram melhor escuta do pouco caso e da falta de atenção.
E se pudessem apreciar o desprezo escorrendo no vinho relegado ao abandono na geladeira?
Orgasmo geral.
Não que eu queira odiar as mãos que arrepiaram minha pele e a voz que foi música em meus ouvidos, em noites de agonia e solidão.
Não.
Sou grata pelo vazio muitas vezes evitado e pelos risos que alegraram pensamentos à beira da loucura. Mas, por eles, acredite, jurei jamais me esquecer de ser agradecida.
Não espero, nem esperarei, sinceridade do que porventura ficou por ser dito.
Porque a hora da sinceridade passa.
E tanto esperei pelo que não veio, que me cansei.
Cartas na mesa, agora, a nada mais serviriam.
Viu a toalha secando no varal ?
Deixe que pensem que fui enganada.
Só peço que (ao menos) não me enterrem, enquanto meus olhos não estiverem totalmente cerrados.
A não ser que não tenham medo de assombração.
Então, não diga.
Nada diga.
Porque já pensou se eu resistir à parafina que cobre meu corpo, e
ainda sonhar, um dia, ter vida ?
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Rep/26Nov2009
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