Lembrança de amigo

Chove desde a manhã.

Em tardes de domingo assim,

Se ele ainda estivesse por aqui,

Iríamos sair por aí.

Conversaríamos sobre a chuva e de como ela nos traz esta introspecção tão benfazeja, ouviríamos musíca e louvaríamos Mozart pela milhonézima vez, depois eu lhe contaria do meu espanto quando ouví pela primeira vez,

Gminopédia: 1,2,3. de Erik Satie

Depois falaríamos de outras amenidades, de literatura, do premio nobel e certamente, ele iria rir do mi-mi-mi daqueles que não se conformaram com concessão do premio ao Dylan;

Não sei porque isso nos lembraria da passagem do poeta e cantor Leonard Cohen.

Para aliviar eu mudaria de assunto e começaria a falar mal dos políticos que estão fazendo mal, dos que dizem que estão fazendo bem e da difícil situação em que se encontra o país.

--- Maya, Maya, Maya

Tudo isso é nuvem, e

Também passará.

Diria ele.

Olho pela janela do carro as árvores ao vento misturando suas folhas e flores , aumento o volume do som e imagino que ele está no banco do lado sorrindo e dizendo com absoluta propriedade:

Tudo que não é forma permanece meu amigo.

Nov 2016