DIÁLOGO AO SOL DA MANHÃ

Estás fazendo falta por aqui, ao sul do mundo.

Em geral os povos do frio esgueiram-se nas amorosas e tolerantes

f(r)estas das amadas e dos amigos. O brinde do vinho sacramenta o parlatório. A baba dos acontecimentos replica, à hora morta. É uma espécie de vivificante tônico capilar até para as bonecas e soldadinhos guerreiros da infância.

Já me havia acostumado em te ver e prosear, ambos expostos às réstias salgadas de frio e ventos. Algumas conversas bobas como esta. Monólogos pra se dizer presente ao coração.

A gente mais e mais descobre o valor dos amigos quando o tempo vem nos abençoando com o seu inclemente passar a conta-gotas. Ainda bem que estás muito vivo no coração antigo. Bordas de picumã das fuligens de fogueiras votivas não prejudicam o essencial aos olhos do passado. Somos vivificados pelos resquícios da infância e sua linguagem sapeca.

A poesia te faz presença e troca gibis e figurinhas na frente do cinema das auroras pueris. Vês? Somos o fruto bastardo das memórias e dos bonecos de cara suja.

O presente fulge com este azul celeste de agosto.

– Do livro EU MENINO GRANDE, 2006 / 2008.

http://www.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=598830