SABIÁ DO MEU SERTÃO
SABIÁ DO MEU SERTÃO
Escutei quando pequenino a história do sabiá que na gaiola fez um buraquinho e voou, voou, voou e deu adeus.
Ave de canto elegante que embeleza as matas do meu sertão.
Ave divina criação de Deus, cuja plumagem encantou os olhos meus.
Soberana de canto doce enaltece a vida dos sertanejos aguerridos catadores de algodão.
Sua companheira de orquestra a graúna completa a sinfonia da manhã dos dias meu.
Cantos quase líricos que espantam do corpo a tristeza, o sofrimento e a compaixão.
Com os demais pássaros forma a psicosfera de uma orquestra que entoa cantos de Orfeu.
No embalo dessa bela sinfonia vem à alegria com a chuva abençoada que alegra galos de campina, asa branca e gavião.
É um hino que chega aos meus ouvidos, é um alento para uma saudade do amor meu.
Não é borboleta, mas adora flores que tem um sentido para quem ama, o seu canto é de um pássaro de estimação.
Quando me ausento do sertão ela fica triste e o seu cantar perde a força e encanto que Deus lhe deu.
Quando retorno a alegria é um porvir gentil que minha alma sente a diferença no rol do sertão.
Nesse encanto penso no grande amor que vai chegar e nos meus braços almejo lhe acalentar com beijos meus.
Uma charrete parou e alguém chamou, meu coração palpitou e o sabiá cantou bem alto é a pessoa certa que veio acabar com a minha solidão.
Falas meu anjo dizes que me ama loucamente sente o afago dos meus abraços que eu sinto o calor dos beijos seus.
Sabiá que na gaiola faz um buraquinho, voou, voou, vou e deu adeus, ficou com ciúme do grande amor que nunca mais me dará adeus.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-FORTALEZA/ CEARÁ