Sobre barcos, meninos e sonhos
Sinto mil mares;
Sinto a imensidão desvencilhar e se retorcer;
Sinto o timoneiro ver sem ser, navegar sem saber;
Sinto barco fundo, barco moribundo e sujo;
Sinto menino de sonho se afogar;
Caravelas de um corpo imundo e desgastado se perdem;
O caís imerso em escuridão e palavras disléxicas;
O naufrago pega a alma e rema;
Desprende-se da ancora, não se rende, ele só se conhece quando esquece;
Imediato com ondulações de um mar errado, prático, se faz errado;
Não navega, não conduz só se perde;
Suscita, se intriga e grita e se perde nesse mar;
Pega a inquietação e nada;
Torna-se o arpão e nada;
Homem mar, homem de se amar, pega e nada;
Nada e nada e nada e nada;
Em teus devaneios errados e sempre erráticos;
Comungo desatinos e desalentos pela maré;
A chuva cai e as lágrimas parecem sucumbir;
É arte navegar, é arte ser perder e ser timoneiro de seu próprio mar;
A arte e o mar de sonhar e amar e nadar é nada é nada é nada.