• ARIANA ²

Foi uma noite mágica, apenas assim poderia definir aquela noite. Apenas assim poderia explicar cada momento daquela noite, que começara por algum desaviso do destino em colocar aquela mulher em meu caminho. Não tínhamos nenhum interesse em comum, mas terminamos por encontrar em um desses aplicativos de relacionamentos, situação bem normal, nos tempos modernos, que possibilita encontrar pessoas mesmo que distantes, e ficamos próximos. Foi uma proximidade respeitosa e afetuosa, e depois de algum tempo, ficou impossível e irresistível conter a vontade de estar mais próximo, e porque não um encontro, seria a possibilidade melhor depois de passar tanto tempo apreciando as fotografias dela, aquela beleza plástica que com certeza, provocava encanto e fascínio em qualquer homem, e comigo, não foi diferente. Na verdade, com a proximidade, descobri que a beleza física dela, estava além, possuía uma outra beleza ainda mais encantadora e fascinante, uma beleza sofisticada, que fazia com que ficasse ainda mais atraente, bonita e irresistível.

Havia atravessado uma linha tênue e perigosa, principalmente porque não queria perder o afeto e apreço dela, e a proximidade que havíamos conquistado e cultivado um pelo outro.

Mas evidentemente, ficou impossível, e seria mesmo impossível, não reconhecer e admitir que aquela mulher possuía uma beleza notável, impressionante, intensa e verdadeira. E até continha um pouco meu ímpeto, assombrado pelo medo de que afastasse, de que porventura, ficasse aborrecida com qualquer atitude ou assédio de minha parte. E mesmo em alguns momentos, fazia um esforço sobrenatural para não exagerar, ou quando exagerava, ficava torcendo para não ser mal interpretado

Ela possuía um ar aristocrático, uma elegância natural, um charme irresistível, podia ser mesmo um “mulherão” no conceito da palavra, mas também possuía, aquele jeito de menina, ainda que o coração fosse intenso e verdadeiro, podia imaginar os gestos e atitudes delicados dela, parecia um furacão para quem tinha oportunidade de observar de longe, mas estando próximo, percebia que também era brisa, dessas em que podemos sentir o aroma e perfume. E apenas isso era razão para nunca querer ficar longe dela.

Na verdade, próximo dela, conseguia ser mais sensível, percebia alguns detalhes, quando tínhamos oportunidade de conversar por algum tempo, e em cada nova descoberta, sentir encantado e fascinado pelo jeito dela, parecia algo natural como respirar. Evidentemente, com a proximidade, existia o risco eminente, de ter o coração arrebatado, mas naquela altura da situação, seria o menor dos riscos, seria mais doloroso, não poder ter contato algum com ela, caso fosse mal interpretado, ou por alguma razão interpretasse minha atitude como inoportuna e agressiva. Mas viver e sentir, possui seus riscos, e a vida, para vivermos momentos inesquecíveis e inestimáveis exige que arrisquemos um pouco mais. Foi assim que o convite para um encontro, ainda que houvesse sido feito por meio de uma brincadeira, era um convite sério, desses em que apostamos quase todos os recursos, principalmente sentimentos e emoções que parecem aflorar, gerando e criando expectativas.

Na verdade, não queria viver de imaginar as possibilidades, do que poderia ter sido, do que poderia ter acontecido, porque isso sim, talvez em um futuro próximo, fosse motivo de arrependimento. Mas também, viver pela metade, não era mais uma opção naquela altura da vida, sentir mais ou menos, era renegar e negar a razão pela qual vivemos e convivemos com as pessoas. Com certeza, ela sabia que falava sério, mas talvez por ser quem era, terminávamos rindo da situação.

O encontro foi marcado, na verdade, providenciei todos os recursos disponíveis para que houvesse essa oportunidade, fui buscar ela no hotel, e fiquei ainda mais impressionado com sua beleza, não apenas a física, mas com a beleza brilhante e radiante de seu olhar e sorrisos. E senti agraciado e orgulhoso pela companhia dela, ao perceber os olhares acompanhando seus passos pelo saguão do hotel.

Havia aprendido a valorizar a companhia dela, talvez pela distância, mas mais pela proximidade, porque cada momento com ela, para mim era inestimável e significativo. Fomos para um barzinho, com música ao vivo, e durante quase toda noite, conversamos animadamente, enquanto apreciava seus gestos e atitudes, atentava a cada sorriso e expressão em seu rosto. Parecia ainda mais delicada, uma delicadeza sutil, que merecia elogio, que merecia reconhecimento, era realmente bonita e atraente, mas possuía uma beleza profunda e intensa, que poderia passar despercebida quando não apreciada em cada detalhe. Na volta ao hotel, ainda resisti ao ímpeto, mas foi impossível com a proximidade não querer um abraço, sentir o perfume dela mais próximo, e foi lúdico e mágico, não sentir um arrepio percorrer todo corpo. Sentir o toque, cada carinho e carícia dela, fez sentir “borboletas no estômago”, quis mesmo culpar as taças de vinho, mas aquele momento foi aguardado e sonhado com tanta vontade, que repassar a culpa à bebida alcoolica seria mesmo, parecer imaturo e inconsequente. Queria que ela fosse minha musa, não apenas naquela noite, assim como vinha sendo nas noites antecedentes ao encontro. A privacidade do quarto, permitiu descobrir que aquela delicadeza nos gestos e atitudes, ocultavam uma mulher intensa, inteira e verdadeira, que arranhava meu corpo e gemia em meu ouvido, era bem melhor do que poderia ter imaginado, era mais intenso do que poderia ter sonhado. Não havia mesmo sequer uma forma de descrever aquela noite, aquele encontro, cada detalhe, apenas consagrar ao destino aquele encontro, seria ignorância, talvez existisse um proposito, mas também quis acreditar que era mágica. Era um conto de fadas, em que queria acreditar, em que no fim, diferente do que havia ouvido durante a vida inteira, o vilão, por fim, terminasse no último capítulo, com a mocinha, com aquela que o príncipe não merecia, por não atentar as qualidades dela, as virtudes e toda beleza, mesmo sua intensidade e verdade de mulher.

Foi uma noite longa, pausada, sentida, intensa, vivida em detalhes, olhares, sorrisos e abraços. Foi uma noite em que cada toque, carinho, caricias, beijos, arrepios e gemidos, mesmo na sutileza do descanso aninhado um nos braços do outro, pode ser repassado na lembrança quando estávamos distantes. Foi preciso conter a euforia e entusiasmo ao acordar, e descobrir aquela mulher toda, deitada do meu lado, e toda minha. Poderia mesmo, chegar na janela do quarto, e gritar para todo mundo ouvir, mas preferi guardar para mim, como um segredo, preferi guardar no íntimo dos olhos como um segredo, mesmo porque poderia ser apenas um sonho, e iria acordar com o ruído incomodo e inconveniente do despertador à mostrar que a realidade, era mais dura e solitária.

Pude sentir aquela mulher em cada milímetro, em cada detalhe, mesmo a pele clara em contraste com a minha parecia formar um simetria perfeita, o aroma, o cheiro dela, tudo parecia formar uma sintonia intensa, impossível de não ser percebida e sentida. Não quis ficar longe dela sequer um segundo daquele encontro, foi impossível não sentir “borboletas no estômago” e ficar excitado com ela transitando pelo quarto, seminua, coberta apenas com aquela camisa branca aberta e a calcinha, foi irresistível não acompanhar ela no banho, e sentir na ponta dos dedos e na palma das mãos cada sinuosidade de seu corpo. Era prazeroso demais, para terminar no fim do dia, no fim da semana, ou de um ano, ficamos entrelaçados e aninhados, durante aquele encontro, como quisesse tatuar a presença dela em cada parte de meu corpo, mesmo que soubesse que no coração sua presença era cativa e perpetua. Foi impossível definir aquela noite como uma transa, porque com ela foi diferente, foi mágico, fiz amor com aquela mulher, como nunca fiz com ninguém. E não queria fazer com mais ninguém, porque naquele olhar, mergulhei profundamente, descobrindo a intensidade, de uma mulher de gestos delicados e sutis, que merecia ser sentida e vivida bem mais do que por apenas uma noite.

• Damien Lockheart

DAMIEN LOCKHEART
Enviado por DAMIEN LOCKHEART em 25/04/2017
Código do texto: T5980415
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