Jaula de pele e ossos

Odeio essa sensação na qual tenho mil palavras dentro da minha garganta e sou impedido de soltá-las ao mar de ar por falta de coragem.Como se eu temesse um naufrágio do humilde barco que carrega as minhas palavras.

Sinto como se a pele e os ossos que me compõem fossem apenas uma prisão.Uma prisão ocupada pelo meu espírito,incapaz de sair e mostrar sua essência ao mundo.

Quando eu quero,mando palavras ao mundo.Essas,infelizmente,se perdem no meio da nuvem de barulhos que as rodeiam.Barulhos ensurdecedores.Barulhos feios.Barulhos sem beleza.Barulhos sem substância.

Tento nutrir coragem o suficiente para gritar minhas palavras ao mundo.Porém,o tempo passa.E os atos são lembrados e o sentimentos são esquecidos.

Foram várias as vezes nas quais eu apenas queria falar no meio da escuridão.A única coisa ausente era o fogo dentro do meu coração para fazer tal ato.Sem isso,meus gritos eram convertidos no silêncio sinistro.E a falta do fogo da coragem era substituído pela lava da raiva ou a tempestade da tristeza.Ambos acabam se convertendo em um grito capaz de sentenciar minha voz à rouquidão.Um grito contido pela bolha de vidro que me envolve.Um grito só eu escuto.Um grito que ensurdece somente a mim.

Eu escuto vozes ao meu redor,mas não sinto que posso escutar a minha.Várias foram as vezes nas quais ela se confundia com aquela dentro da minha mente.As duas tem em comum o tom calmo e quase ausente, como se estivesse falando para mim mesmo.E somente a mim.

Um dos meus maiores desejos é deixar que as pessoas possam ler a minha mente.Poderiam ver quem eu realmente sou e o caos que impera na minha mente.Queria que eles pudessem ouvir a minha voz,e não uma ausência gelada da mesma.

Odeio quando meus dizeres sinceros são condenados ao silêncio.

Eu odeio o silêncio.

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 23/04/2017
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