desencontro

ainda tem um pouquinho de você em cada parte de mim. na minha boca tem o teu gosto. na minha pele ainda tem o toque das tuas mãos. no meu corpo ainda tem o seu abraço, tuas pernas entrelaçadas nas minhas. ainda posso enxergar teus olhos, te vejo nos meus sonhos quase todo dia e nunca te contei. vejo meus maiores medos e maiores desejos. te vejo partindo ao mesmo tempo que te vejo comigo. te vejo com outra enquanto segura a minha mão. acordo e não vejo nenhum dos dois. faz tempo que não me trazes notícias. as vezes tenho medo de esquecer teu rosto, por isso guardo nossa foto, mas talvez você esteja tão diferente agora, afinal já faz tanto tempo desde que admiti o nosso desencontro. você nunca me procurou, parte disso é culpa minha já que fiz o melhor que pude pra isso não acontecer. também não acredito que tenha tentado me encontrar, mesmo que eu quisesse, sei que assim é melhor. eu também nunca tentei te procurar. de verdade. eu pensei em você todos os dias desde a minha partida, mas eu nunca tentei voltar. eu nunca achei que pudesse. nunca achei que pudéssemos. sempre nos enxerguei como duas galáxias tão diferentes e ao mesmo tempo tão dependentes, nossos encontros sempre se tornavam abalos sísmicos dentro do meu corpo e eu nunca soube lidar com as vezes em que eu tremia sozinha. você foi, pra mim, a coisa mais bonita que já tive mesmo que tenha sido a mais difícil algumas vezes e até hoje eu não achei nada que pudesse descrever o que você causou em mim. até hoje eu não sei lidar com as vezes em que sinto meu corpo tremer só de pensar em você. da mesma forma que fui incapaz de descrever o que sinto por você, hoje me sinto incapaz de te esquecer.

Beatriz Linhares
Enviado por Beatriz Linhares em 21/04/2017
Reeditado em 21/04/2017
Código do texto: T5977526
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