Ousadia

Eu amo apaixonadamente, amo com os pés fincados no chão

Entre a realidade e a fantasia estou amor, sou amor

Deixo-me ser levada pela onda e agarro ramos nas margens

Quero ir e me deixo ficar à beira deste rio desconhecido

Quero voar, mas do galho da árvore olho para bem longe daqui

Eu que já previ e comprovei tantos destinos estou assustada

Eu que já me esparramei receio não conseguir reunir-me mais

Há um cansaço tão intenso que corrói e consome meu querer

Há um desejo profundo e tatuado na minha alma dizendo:-Vá!

A vida deve ser vivida, sorvida, esgotada até a última gota

Mesmo que haja o receio querendo ser inquilino do meu eu, vou

Solto minhas mãos dos ramos, salto do galho, despeço-me do medo

Sei voar, sei nadar... Se o voo for demasiadamente longo, aterrisso

Se o rio é uma parte de outro rio maior que chegará ao mar, sei boiar

Não dá para eu fingir para mim que sobreviver me completa e me alenta

Necessito que meu sangue circule percorrendo todo meu corpo

Preciso demais do ar inflando meu peito, que mesmo ferido é teimoso

Quero o que me cabe, ainda que aterrorizador até que a vida seja finda

Depois de tudo não sei, nem sei o que é tudo e menos ainda do depois

Vou ali nadar, vou voar; estou embarcando no meu hidroavião reluzente

O meu transporte é resplandecente de ferrugens porque o uso e ouso

Vou me atrever a ser feliz pelo tempo que a felicidade existir

Rose Stteffen
Enviado por Rose Stteffen em 20/04/2017
Código do texto: T5976309
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