[Por que um rio?]

[Outro nada... mas, de quantos nadas eu preciso?!]

Será que ainda existe um rio tranquilo, limpo, correnteza não muito forte, mas agitada para que se possa ver os peixes saltarem sobre a crista ensolarada das águas?

Pois eu, que me sinto humilhado pelo reles esforço de permanecer existindo, num dia de sol quente, gostaria de deitar-me numa das margens desse rio.

E com os pés voltados para rumo da foz [o futuro], a cabeça para voltada para a nascente [o passado], olhar os saltos dos peixes, e com o ouvido colado ao chão surdo, esperar, esperar... esperar sem nada querer! Só esperar... até o sol se pôr. Então, quando o vazio se instalar, dormir num banco de uma praça deserta.

O querer me exaure, me cansa, me trivializa, me banaliza... me torna ainda menor do que realmente sou!

Por que um rio? Não sei ao certo; já senti o mesmo impulso com relação a uma estrada, mas um rio me serve --- esgota melhor a força do querer!

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[Desterro, 19 de abril de 2017]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 19/04/2017
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