FALAÇÃO DE CIGARRA
O poema é rara costura de intuição e vontades, ideias traduzidas por palavras – peça inteiriça, enxuta – em que assoma a linguagem conotativa, bem diferenciada do que ocorre no linguajar do lugar comum da vida. Codificação da linguagem através da subversão do sentido original dos vocábulos. E eis que a dama tímida, vertida de maneirices tão especiais, transfigurou-se em Poesia. Verdadeiro algodão entre cristais para que estes não se estilhassem. Tudo, no mais, é possível e permissível para ornar de alumbramentos a singela e humilde peça lavrada de farsas, sonhos e fantasias, e que fala aos ouvidos com a estridência de uma cigarra cantadeira. É falação que o espectador reconhece capaz de ser flor, mesmo sendo raiz...
– Do livro OFICINA DO VERSO, vol. 02; 2015/17.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5969407