Sozinha. Não sei o que é viver mais sem o que me nutre de completude e satisfação, viciou meu contato com a vida, inoculou a dureza que dantes resumi ao conviver. Dependo do aporte preciso, coabito com uma energia que não me é dado conhece-la, sai de mim.

Sou hospedeira de um sentimento sublime que não dei causa, chegou, permeia “até os miolos” da existência, esta que diz ser “Eu”.

O degustar deste mecanismo não tem nada a ver com desejo, ardor da paixão...é mais; a sutileza da sua ação na alma é sentida pela linguagem do coração; que não fala, somente me expõe a senti-la. Ultimamente tem emudecido a iniciativa para a pesquisa do porquê, fico na pequenez, igual ao estado da lebre, vencida pela imposição da força do leão no abate.

Se algo pudesse ser dito, numa fragmentação dual, diria que tem mistura de prazer e dor quando interajo com o fenômeno.

Neste ambiente “mágico” passo ter poucas opções de emoções, as percepções minhas e dos outros saem maquiadas com possibilidades e soluções que somente o homem compassivo alcança, que não é o meu caso, tenho recaídas da mulher antiga, nestes instantes percebo o quanto sofro.

Para dar nome a este fenômeno percorri ruas e avenidas evitando calhar na mesmice de dizer que é amor, não teve jeito, as palavras sempre deixavam fiapos para fora, nunca encaixavam com precisão de sentido.

O fato é que me tornei híbrida, contaminada está minha natureza, encharcadas estão minhas entranhas do amor à vida no seu sentido supremo, não me domino mais. Agora é deixar a correnteza levar, caminho sem volta.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 11/04/2017
Reeditado em 11/04/2017
Código do texto: T5968242
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