Ciclos
A vida não é feita de começo, meio e fim. Morremos várias vezes durante ela. E nascemos novamente. Viramos crianças exploradoras em determinados momentos, noutros somos adultos prontos para pôr tudo em prática. Aí viramos velhos sábios, aprendemos muito, muita sabedoria acumulada. Aí morremos. Renascemos. Adultos, anciões, crianças... Vivos, mortos, renascidos... Aprendendo, ensinando, acertando, errando... Pequeninos, grandiosos... Deve ser a morte física a mesma morte de personalidade: o fim de algo, o início de outro; não algo novo, completamente diferente, mas mais evoluído, aprimorado... Ciclos... O importante é olhar para trás e agradecer perante à sepultura de nossos velhos eus. Eles continuam conosco, felizes por terem passado o bastão a nós... Na lápide deles, coisas simples, verdades pequenas, lições singelas. Nas próximas lápides, a mesma coisa. Na lápide final, apenas a saudade que deixaremos. No final sobra aqui uma junção de todos os nossos eus, fragmentados e unidos nos corações alheios. No final o Eu talvez vá para outro lugar em que não será mais necessário morrer tanto. Talvez um lugar em que seja necessário morrer mais. Talvez a gente mesmo decida: em uma reunião como todos os eus, por que não? Ou, talvez, o Eu verdadeiro simplesmente vá tirar umas férias depois de um logo tempo trabalhando na construção do seu próprio Ser...