Pauta da vida

Prevejo escrever enquanto ainda sinto latente no corpo:

Teu gosto.

Teu cheiro.

Teu tato.

Preciso captar a essência do encontro enquanto ainda tenho a líbido.

No entremeio dos meus lábios.

Sua voz no meu ouvido.

O arfar no meu pescoço.

Na ânsia de perder os sentidos eu digito rápido tal qual um telégrafo,

com receio de que as palavras voltem para a Caixa de Pandora.

Minha alma tem pressa, como disse o poeta

e eu também tenho poucas cerejas na bacia.

Anseio escrever tudo e na verdade não posso revelar quase nada,

reconheceriam sua sombra no meu caminho por onde eu passo.

Suspiro.

Fecho os olhos.

O som do piano ecoa pela casa.

Posso segredar que vi vestígios de amor em teus braços?

A mim por ora basta!

E eu que amanhecia e anoitecia correndo atrás de compromissos,

há tempos penso apenas numa maneira,

num único modo,

de encontrar uma faísca de desejo também nos teus olhos.

Por que o tempo passa...

Se as notas não se conheciam e fizeram a quatro mãos a melodia,

quem sabe seremos um refrão na pauta da vida?

Railda
Enviado por Railda em 04/04/2017
Reeditado em 05/04/2017
Código do texto: T5961501
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