ASTÚCIA
Dias difíceis... Escuros... Os olhos não enxergam!
Por que a gentileza deu lugar à hostilidade?
Por que a guerra é ainda mais fria, mais gelada que a sobremesa
Velada sobre a mesa.
A mesa em que não há mais família reunida
E sim conspirações.
Já não há fartura e harmonia, café e alegria: faz parte,
Já que há falta de primavera neste instante!
A cadeira de balanço está muda
Pois o trabalho já não permite o sono em dia!
Menos ainda: brigadeiro, cachorro, poesia
Praia, comédia, descanso e ousadia.
Não ousamos entender-nos cidadãos e sim, submissos
“É a parte que nos resta nesse latifúndio”
Pois a incerteza que se alastra é covardia!
Fazendo-nos esperançosos em uma providência que revogue
Nossa constante e lenta agonia.
Tudo é insegurança, inconstância, desesperança
O céu nublado não espanta
O que espanca são as astúcias, no paço, nas madrugadas.
Já não me movo a favor de melhorias,
Já que o mundo só me oferece emboscadas.
E é tão lento meu esforço em superar
Tenho tão pequena voz neste lugar
Que já nem durmo durante as madrugadas.