QUEM ME DERA
Quem me dera fosse Deus sobre o sertão, sobre os gritos de desesperança, chorava lágrimas, fazia singrar nos sonhos de um travador, água fria entre o riso e o choro de um povo lutador. Quem me dera fosse música suave, onde mais lutassem, jovens soldados, presos as ordens de assassinos senhores, donos das letras, das leis, da coisa toda, que nada salvam, mas se reclamam verdadeiros salvadores. Quem me dera no leito final fosse mais uma poesia, verso a verso qual morfina enganadora, esquecendo a dor ligeira, que de real completa um coração, essa mulher criança voadora. Quem dera eu pudesse, quem dera... Recolher entre os trapos, um menino, um soldado, uma flor de retrato, tal qual um quadro de um impressionista do sertão, que retrata as flores sem as cores que nunca tiveram não, ali bem no lugar da rosa, pinta uma embolada, uma asa branca, um pau de arara levando olhos tristes, que o futuro, não enxergam não. Quem me dera, quem me dera...