Apresentando as armas*

Vou expor apenas o meu avesso.

A forma que utilizarei pode não agradar a ninguém.

Mas é um avesso.

E todo e qualquer avesso

é um emaranhado de nós

de desvios

de interrupções.

Um vulcão em erupção não seria um exemplo

Nem um maremoto traria à tona todo o meu tormento

Não quero compreensão e nem conselhos vãos.

Não. Quero algo que exponha o risco de uma ebulição

em que o sangue, a carne, músculos e vísceras

azulassem o porão.

Porão de arquivos esquecidos

e no entanto, nunca eliminados.

Quero berrar a ira

fazê-la partículas do pior de mim

Há um pior em mim

que eu mesma não reconheço a legitimidade.

Mas há.

Então. Deixa-me urrar o sofrimento

até torná-lo aceitável

Preciso desgastar a impotência

ante o escândalo da verdade.

No porão, há o verso

No verso, há o senão

No senão, há o inverso

E do inverso surgirei

até explodir como vulcão.

Sei exatamente o tamanho da catástrofe que serei.

*Espelho da prosa poética,

Na paz da minha guerra,

da escritora Rose Stteffen