INFINITAMENTE MORTAL
o que leva na ponta aquilo que está morto
e busca um outro fim
e depila o que se reveste de escamas e gracejos
em pelos e apelos que não nascem paralelamente à toa
se rasteja não voa
num navio num barco numa canoa
no mar no rio na lagoa
perde o encanto
o que leva na ponta aquilo que está morto
e provoca um outro fim
e tripudia o que trepida
o que é escorregadio
marcando novos e últimos momentos que deslizam
não afunda não boia e não toca a superfície
mas numa profundidade quase sombria se reserva
em meio à fumaça de erva
que calada observa
e repudia
o que leva na ponta aquilo que está morto
e inicia um outro fim
sem unanimidade plausível
num céu sem sol
já não se distingue nem a isca nem o anzol
e o que fisga é o que finge
é o que faz ranger os dentes
já não se distingue a raiz da semente
não é o que restringe é o que move as sereias
já não se distingue o sangue da veia
o desjejum da última ceia
o que leva na ponta aquilo que está morto
mata
mas também morre de novo