Primavera
A noite foi-se. Amanheceu e mais um dia nasceu, com a graça de Deus.
Abri a janela de par em par, e no horizonte vi o azul do mar. Elevei os olhos ao alto, para agradecer ao criador a vida. O céu estava limpo, sem nuvens e da cor azul-turquesa. O sol, ainda se espreguiçava, por isso seus raios eram mornos. No céu, as gaivotas guinchavam, penso eu que era de felicidade. De repente, uma brisa forte e fresca, trespassou-me, e tudo dançou à sua passagem. Com ela veio um cheirinho leve de outono. Era um cheiro seco e adocicado, e no final perfumado de alecrim intenso. Outono despedia-se mansamente...
Senti a terra agitada, e no ar sentia-se essa agitação. Tudo estava em alvoroço. Lembrei-me então, que era chegada a hora de ela (a terra) parir.
Era a hora de nascer, uma nova estação. Corri para o campo e descalça, porque queria sentir a terra, olhei as árvores ali plantadas, como a cameleira, as do pomar e bati palmas de felicidade. Tudo estava a rebentar, e algumas já estavam floridas. As glicínias caíam do muro e como presente exalavam o seu perfume inebriante. Os botões de rosa abriram, e as abelhas dançavam sobre elas. O mundo, estava mais bonito e colorido. Que lindos que estavam os canteiros da gerbera… Alvissaras mundo, hoje chegou a estação das cores e das flores, das andorinhas que com seus chilreios alegram nossos caminhos, do renascer e transformar. A mãe terra havia acabado de parir a estação da Primavera!...