Saudade
Os estilhaços do que resultou de uma historia, que um dia teve vida e ficou no passado, às vezes não impede o ser humano de sofrer dos sintomas da saudade.
Basta um fiapo de acontecimento, ou nem isto; como relâmpago, destramela dentro o espetáculo "vip", a lembrança aparece, junto, a fome.
O duro, mesmo que o sujeito queira, não consegue explicar o gosto da saudade.
No trato, a saudade vai fundo, faz a vítima saborear comida requentada como fosse nova. O passado torna à vida, como pão fantasma que nunca saceia o vitimado.
Com cara de gente desnutrida fica o saudosista, volta tudo para dentro.
Se fosse para classificar, diria que a saudade é parente de primeiro grau da angústia, como fosse aquela que não é nem excessivamente mórbida, mas que não perde nada para a consanguínea, quando volta ao passado, e depois de alimentar do que já foi, desiste de voltar. Fica como água morna no caminho.
Saudade, faca de dois gumes, eleva e rebaixa, disponível para as emoções atuarem.
Ela acrescenta quando o móvel provém de boas lembranças, contribuindo para o reluzir do espirito rumo ao futuro, que submete TUDO à impermanencia...Esquecemos disto.
Pode ainda ser causa do regresso ou atraso do progresso no homem, que se volta para o passado, perdendo as forças para olhar para frente, não saindo de lá mais. Comparado neste caso, andando de botas na lama.
Selá!( pausa para meditação ).