vou pegar uma nave
Vou pegar uma nave. Que é o corte abrupto abissal de meu olhar parado. Tocar no silêncio como eu sendo ele. Numa cópula um gole num copo de sina, me ocupo é do silêncio. Um raio iluminado lunático. O tempo de meu olhar perdido no horizonte, no fundo de uma paisagem. Navego nevoante em mar incendiado de escuridão. A noite me perpetua num risco sem saída. Como reta infinda. Não há pra onde senão o caminho serpenteando o precipício. Entre um clarão e outro o difícil e árduo ato de viver às cegas. O mar sabe das luminárias inconstantes da lua, seus derramamentos, seus redemoinhos e marés de inconstantes faces. A terra entende os caminhos molhados e movediços do mar e meu peito bem sabe abrir-se como uma vela de barco resistindo aos ventos, voejando contra correntezas tempestuosas e dando rastros aos abismos e aos sumidouros dos oceanos.