unicórnio cavalga sob o verso - fragmentos
unicórnio cavalga sob o verso, cascos e crinas que galopam dentro de mim, poesia vem feito esse corno que busca a todo custo sua natureza outra, sim esse centauro que não sossega, crespos opúsculos- crepúsculos expostos, dor nos ossos um vórtice, o silêncio me rodopia nesse vórtice.
poesia vem no bicho da goiaba, e nas sementes que viajam no tempo. indócil a poesia são barbatanas n'água palavra avoada na face colada no ventre da noite. os dedos arrodeando o lóbulo da orelha em silêncio. desenraizando palavras como que colhendo arrancando da terra frutos demorados de chuvas. desdizendo dialetos teu falo silencioso crescendo na minha Língua escorregadia e áspera a querer dizer coisas como fragmentos de nós... raspo os cascos no chão abissal - corais no meu anzol - como asas rasgando os ares... tudo sibila treme tritura e freme, me exaura ó centauro na margem do riacho... você vem, não vem? Vem sim. onde estou? em toda parte. (esfinge de malandragem com a morte)