Identidade
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Me lembro dos silêncios abissais, abismais, dos tempos depois do tempo.
Me lembro de luas cheias e de estranhas danças onde eu chamava um nome. Me lembro de cavalos selvagens que galopavam dentro do meu peito e ora eu mesma os montava, ora via, ao longe, um trotador me acenando. Me lembro de sargaços em um mar criado a que os peixes fossem abundância à fome, mas não a tantas iscas e nem a tantos anzóis. Me lembro de um viking sem piedade. Lembro de panos cerzidos com linhas de amor e depois... depois rasgados. Lembro de fios, muitos deles, criando a teia de uma tarântula amorosa que a derrubava quantas vezes não tivesse o brilho da paixão e voltava a tecer, a tecer, a tecer... Lembro de um homem que amei e a quem ofertei estrelas e fiz cama de rosas a que ele descansasse seu corpo cansado. Me lembro de uma mulher que se enganou com o que acreditava ser real. Lembro de palavras, um milhão delas, únicas e minhas e depois conspurcadas, viciadas, ofertadas a quem entrasse no livro. Lembro de uma última página, arrancada e enfim... o último silêncio.
Regresso, juntando os pedaços das memórias e do corpo que partiu-se em tantos quantos jamais se possa recuperar.
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