A PAZ MORA NA ALMA (?)

Arde insistente n’alma

A dor lancinante esmaece

Movida a voz terna de Mercedes Sosa

Os dedos que massageiam a pele meiga

Confeccionam a carta geográfica para orientar o míssil

E a fagulha cruza o oceano para dizimar milhões de criaturas

Todos os dias sucumbem almas

Na guerra dissimulada de paz

Na paz ostentada pelos instrumentos bélicos

Nas montanhas, nas favelas, nas aldeias

Nas paupérrimas povoações

Em campos minados, em campos floridos

A batalha inclemente é contra a fome e em favor dela

Movido a estupidez e a ódio

A guerra carreia todos

A um mausoléu imponente

Gélido e putrefato onde se amontoam caveiras dos desarmados

Os que dormem no mausoléu esperaram resignados

por uma paz distante

Ora inertes, com as mãos postas sobre o tórax

Esperam que a fome não seja a pior arma

Que não se deflagrem mais guerras

Contra os famintos

Que não se dizimem populações em nome do ódio

Enquanto os donos do poder

Banqueteiam eufóricos

na mais absoluta paz.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 10/03/2017
Código do texto: T5937114
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