Compilado Prosa Poética - Chorôro por Bugio Elétrico

|Coisas da cabeça|

Posso sentir o movimento na pele

Tomara que nessa a espinha não gele

Quando percebo ataca o coração

Prefiro a paranoia do que acertar

Que na minha cabeça estão atacar

Mais uma coceira atrás da orelha

Pro underground é só uma besteira

Não concordo com a afirmação

Quando me lembro me sinto sujo

Quero o destino do caramujo

Não é fácil de aceitação

de piolhos

|Chorôrô|

Na escola da vida

O amor tem um papel importante

E eu sendo um aluno da vida

Com minha maturidade ainda não o encontrei

|Saudades da minha terra|

Faz mais sujo do que o mendigo que essa avenida nunca viu

Afinal faz parte da cidade, que vem em outra realidade

E volta com o rabos entre as pernas sem dar nem um pio

Saí girando e pedindo o troco

Um ponta pé, um desaforo

Pra quem nunca pediu

A hospitalidade aqui empera

Menos pra quem vem de fuera

Com certa idade meio juvenil

E mesmo de quatro em quatro, ou de oito em oito

Com os meus dezoito, não me lembro o que progrediu

Mesmo com um pouco de sorte

A esperança é a última morre

Até nos finais de semana em que se visita

Será que ela ressucita ou talvez já foi embora

Com o último menino juvenil que não chora e partiu

E trocou o lago pelo rio

|Quintas ideias|

O homem sem referência é uma casca sem alma, um hipócrita contemporâneo onde suas ideias não correspondem as suas atitudes no dia a dia. Eu como sou um doutor nesse assunto, sou um homem sem referências com sede do novo e com ações antigas. Minha cabeça é uma guerra entre hipocrisia e ideias.

Minha querida eu quero te pedir desculpas. Desculpas por não transpor sentimentos, por ter a cabeça do jeito que tenho e em particular por não ter te amado, e talvez nem me amado, mas pega na minha a mão e sobe na bicicleta.

Acredito que não preciso falar do meus sentimentos com quem eu amo, independente de parentesco ou ligação minha ação fala por mim. Minha conversa não procura ser artificial com sentimentos de dimensão espacial.

|Fome de crivo|

A essência de um fumante. O desgosto de um amante. A representação do desejo elegante e desgastante que atravessa gerações. Apenas uma possível substituição de tamanha equivalência por um timbó preto ou uma goma mascavel.

|Estranho a mim|

A visão que não se atrapalha, não sai do lugar perde a chance de provocar reações em pequenos circuitos de teia de aranha sem uso, concretados a cimentos padrões de fácil manuseio/compreensão.

|Carona no mar interdimensional|

Função sem sentido, menosprezada e desacreditada sendo creditada, mais apreciada a um indivíduo comprometido a tamanha inutilidade. Metido a junção de dividir cinco acentos de vida ou morte.

|Teoria da aspiração|

Um estudo fala

que o cigarro

não tem as

quatro mil e tantas

substâncias tóxicas

e que tudo isso é uma mentira do sistema

ganhei meu dia

um alívio

pro pulmão

e um desespero

pro bolso

|Ah Carnaval|

Carnaval

esperamos,

pensamos

não lembramos

reclamamos

criticamos (após uns anos)

deixamos de lado

com traição

choramos

ou comemoramos

Ah carnaval, nunca sai de moda

parece até

acontecer

com a frequência

de todo dia

(como se não fosse mais claro do que a água)

|Decói|

Muito se fala no tempo

eu não falo sobre o que não entendo

por que o tempo

é que brado

descompassado

ritmado

sem sentido

essa é a graça do jazz

(e que perca de tempo, não?)

|Amizades de infância|

E os camaradas do recreio

distorcidos

por mídias clichês

agitam

gritam

e glorificam em coros

PUTAS!PUTAS!PUTAS!

meus camaradas

do médio

abastecidos

de remédios (farmácia ou derivados)

parecem amar o tédio

mentem

obedecem

CULTAS!CULTAS!CULTAS!

sobraram só os que

lutam

LUTAM!LUTAM!LUTAM!

revolucionam

dia após

dia

no plano de ideias,

eu

escrevo

bebo

creio

que não saio

do lugar

Bugio Elétrico
Enviado por Vítor Macedo em 06/03/2017
Código do texto: T5932969
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