A farsa do poeta
Com papéis em mãos buscava inspiração. Uma bela poesia intencionava. Foi quando, distraído, olhei para ti. Momento exato! Notei, admirado, quando você sorriu. Beleza singular, natural, prodigiosa! Ao meu ver, exuberante, inviolada.
Que tu fizeste? Senti-me descoberto. Uma farsa!
Mesmo disposto a preencher muitas páginas. A autoria, confesso-te, não seria minha. Posso apenas traduzir em letras.
Tentar expor, e em rimas, o valor desta obra prima dantes concluída.
Poesia escrita em vida. Pelo artífice criador inaugurada.
O teu sorriso, autêntico, modesto, revela os versos de um poema singelo. Prosa belíssima são teus gestos!
Um soneto, por mais romântico, não descreveria um só minuto deste meu encanto. Um instante admirando-te enceno em mente o roteiro dos capítulos, começo e fim, do mais belo Romance.
Então, diga-me, o que porei neste papel em branco? Desvelou-me. Desnudou-me. Tirastes a máscara do mais talentoso poeta.
Posso apenas tentar expressar em palavras a exuberância deste teu semblante. E pode ser que sobre este fascínio eu tenha alguma primazia! Ademais, o que me resta?
Por tua face, extasiado, me detenho. Mãos inertes e mente vaga.
Senti-me descoberto. Uma farsa!