Parto dos Versos
Caro leitor, observe o poeta em seu labor a uma distância prudente, por favor
Não, em hipótese alguma pense em agir sobre sua sutil viagem interior
Por mais que a curiosidade lhe tente não pise em seu lago congelado
A delicada e fina camada da mente pode romper, ele está ensimesmado
Até um suspiro leve e profundo pode roubar seu momento mais fecundo
É um transe, é um êxtase, são parênteses invisíveis entre ele e o mundo
E no livre movimento das asas do pensamento ele ora está lá, ora cá
Vai voando, pousando de casa em casa desde o Sol até o luar
Porque a folha branca lhe dá medo, pode perfurar a alma e laminar seu dedo
Os versos são paridos com dor e podem ser condenados ao eterno degredo
Mas se nascem plenos de amor, e geralmente o são, que soem as trombetas!
Adeus silêncio, críticos, estetas,
todo o vazio preencheu, a vida se completa!