A Higiene

Não daria conta se não tivesse o final de tarde, que quebranta meu semblante, é solvente para desfazer a armadura. Sento no banco ou na cadeira no pequeno terraço, perto da jardineira com rosas vermelhas, brancas e amarelas, me aconchego no prumo do ombro .

Logo, no terceiro, sei lá! quarto ou quinto respirar; de olhos fechados ou abertos, solto as rédeas dos sentidos do corpo, e acontece.

Sou lançada sempre para o mesmo lugar, sinal verde dentro de mim, passa: assovio do passarinho indo descansar, sussurros vindos de longe, som do avião, carro com buzina na esquina, cheiro do preparo da comida para janta, nada fica.

Como assentar da poeira o silêncio vai aproximando fazendo sua arte...até que não existe nem eu, os sons, as cores e os movimentos externos.

Como mágica movimento e repouso por alguns instantes acontecem como sendo Um.

Lua refletida nas águas no rio a noite, banhando-se.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 02/03/2017
Reeditado em 02/03/2017
Código do texto: T5928568
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