A Higiene
Não daria conta se não tivesse o final de tarde, que quebranta meu semblante, é solvente para desfazer a armadura. Sento no banco ou na cadeira no pequeno terraço, perto da jardineira com rosas vermelhas, brancas e amarelas, me aconchego no prumo do ombro .
Logo, no terceiro, sei lá! quarto ou quinto respirar; de olhos fechados ou abertos, solto as rédeas dos sentidos do corpo, e acontece.
Sou lançada sempre para o mesmo lugar, sinal verde dentro de mim, passa: assovio do passarinho indo descansar, sussurros vindos de longe, som do avião, carro com buzina na esquina, cheiro do preparo da comida para janta, nada fica.
Como assentar da poeira o silêncio vai aproximando fazendo sua arte...até que não existe nem eu, os sons, as cores e os movimentos externos.
Como mágica movimento e repouso por alguns instantes acontecem como sendo Um.
Lua refletida nas águas no rio a noite, banhando-se.