INOMINÁVEIS TESSITURAS DO TEMPO

Deixar a mostra aquilo que por muito tempo quis sufocar , ao quebrar das mascaras e ao romper dos tecidos , os rasgos da vida em busca da morte pedem atenção.

O que dizer dessa madrasta fingida e vil que verteu em fel tudo o que eu amava, e me arrastou sem que ao menos pudesse despedir-me ?

Será negado a mim todas as possibilidades de rever a quem tanto amo na vida? A lua ao iluminar as esquinas esquecidas de minha alma ,anônima, dá forma as figuras desfiguradas e desgrenhadas que me perseguem como fantasmas , são inseguranças que nutridas por meus medos e desafios pedem passagem.

Em cada gota de tempo, procura-se eternizar o instante fugaz de uma breve vida que foi ceifada do seio da mãe terra e levada para o infinito vazio, que esconde-se atrás de cada virtude dos homens .

Ver a hipocrisia do mundo estampada na relações, atravessadas pela dor da solidão , me faz observar que a humanidade caminha intensamente de volta ao seu principal ponto de partida: o caos .

Quando uma lagrima solitária salta aos olhos,e braços estendem-se ao tentar amparar a queda ,a vida escapa-lhe o abraço e esvazia-se tirando do mundo a possibilidade antagônica de amar.

Então, observar o copo que ao cair despedaça no chão tornando-se mil estilhaços de múltiplas estampas, é encontrar a morte, que de tão inglória causa um estranhamento necessário , que como um alerta mudo ressoa nas almas dos homens desavisados : tudo se resume ao tempo e este não tem senhor apenas súditos .

Thércia Lucena Grangeiro Maranhão

07/09/2016.