Silencio inquieto
Como gostaria de viajar em suas palavras sempre precisas. Tocando sua mão firme em gestos tão cortantes. Não conseguiria fugir dos teus cabelos. Viveria em tua boca e sairia flutuando nas suas palavras que zunem em estalidos de bigornas.
Entre casas e sobrados a sua é a mais clara, a mais bem cuidada, a mais esculpida. Boticelli te usaria em anjos lapidados em mármore. O rosto seria aquele tão procurado por Caravaggio. Picasso te fragmentaria em risos cúbicos. Degas te colocaria em banheira de ouro e seus cabelos escorreriam tintas azuis.
No quarto, o único som que se ouvia era o silêncio, mas mesmo esse silêncio incomodava pois era vazio.