Eu não me dei essa chance

Deu tudo errado na viagem planejada.

E assim, numa atividade despretensiosa

fortuitamente, encontraram-se nossos olhares.

Acreditei ser ilusão seu olhar procurar o meu.

Não era.

Aos poucos você se aproximou,

encontrou uma forma de puxar assunto,

manteve-se por perto e se não de perto

com o olhar, de longe.

Sem ser agressivo, despiu-me com os olhos.

Corei embaraçada,

dividida entre o querer partir e o querer ficar.

Convidou-me a voltar à noite, haveria música e muita gente.

Seguiu-me com o olhar, quando parti.

Virei-me para vê-lo, antes de virar a esquina.

Seus olhos se mantiveram nos meus.

Eu não queria ir. Mas fui.

Voltei à noite, quase duas horas depois do início da apresentação.

Entre o medo de entrar e receio de não te ver mais, venceu o segundo.

A casa, lotada, só tinha uma mesa vazia, parecia esperar por mim.

Achei-o logo. Você, ocupado, não me via.

Quando finalmente viu, assisti ao sorriso de surpresa boa em seu olhar.

Sua capacidade de me deixar envergonhada me desconcertava.

O convite para partirmos juntos chegou e eu o aceitei.

Despretensiosamente, você convidou uns amigos e saímos em cinco.

Não era o que eu esperava. No decorrer da madrugada, convidou-me a ficarmos sós.

De repente, senti-me insegura e fugi.

Sua vez de ficar constrangido.

No dia seguinte, remorso por havê-lo feito.

Andando a esmo pela cidade, no final da tarde,

assim como na música, numa esquina qualquer nos avistamos,

O instinto de fugir me perturbava e me afastei

mas você se aproximou e com seu olhar tranquilo, domou meu recato.

Marcamos para a noite.

Encabulados, pedimos uma comida que não comemos.

O final da noite clamava outras decisões e estávamos adiando isto.

Fomos parar em uma cama, sem conhecer nossos desejos.

Uma primeira vez é sempre uma primeira vez...

No seu silêncio e na minha expressividade, um grande contraste.

Quando me deu seu gozo, os sons suaves que emitiu

percorreram como se fossem um grito toda a minha alma.

Entregue em minhas mãos, percorri seus caminhos, através de carícias.

Amanhecia. Você precisava trabalhar, quem estava a passeio era eu.

Ansiei que me convidasse a sair de novo e você o fez, para meu contentamento.

No dia seguinte, uma fortuidade nos desencontrou.

Intempestiva, antecipei a volta e fugi sem lhe dar a chance de me ver de novo.

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Na verdade eu não me dei essa chance.

Em todos os momentos você foi doce e gentil.

E eu, por medo, obliterei mais uma vez uma entrega e um amar...

Lyzzi
Enviado por Lyzzi em 28/02/2017
Código do texto: T5925976
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