Rimando os Versos por Onde Andei (Parte 1)
No ano de 1983 fiz uma viagem de caminhão saindo de Jundiai-SP. com destino a Belém do Pará, tres mil quilômetros de rodovias.
VIAJE COMIGO !
São três mil quilômetros de rodovias
Era um desafio constante
Mas orientado por mapas e placas
Eu seguia confiante
Muitos anos se passaram
Mas, com detalhes ainda me lembro
Saí cedo naquele dia
Terça-feira de setembro
Em mil novecentos e oitenta e três
Fiz uma viagem e tudo anotei
Tudo que via por onde passava
Anotava na agenda ou fotografava
Levantei cedo naquele dia
Mas quase nada adiantou
O carregamento foi em lugares distintos
Num instante a tarde chegou
Com o caminhão carregado
Os pneus trincando o chão
Ciente dos riscos da estrada
Batia forte meu coração
Precisava de muita sorte
Pois a distancia era bastante
De minha mãe tive a benção
Segui firme no volante
Meia carga de cachaça
Outra metade era de vinho
Ia deixando o aroma na estrada
Pra quem seguia no mesmo caminho
Saí na estrada ao cair do sol
Por seguidas horas só viajei
Vi cenas tristes na estrada
Mas cenas bonitas também avistei
O brilho do sol contornando as nuvens
Enormes planícies como nunca avistei
Sem tirar os olhos da estrada
Maravilhas contemplei
O sono e o cansaço batia
Chegava a hora de descansar
Mas eu tinha ainda muitos dias
Tinha muito pra anotar
Dia 09/09/83 Uberaba-MG. quarta-feira.
Passei a noite em Uberaba
Estado de Minas Gerais
Segui viagem para Uberlândia
Itumbiara já no Goiás
Tinha ainda muito chão
Mas me animava vendo o clarão
Do sol querendo raiar
Parecia uma bola de fogo
Subindo pra iluminar
Eu via tanta beleza
Agradecia a Deus nas alturas
Por aquele momento feliz
E poder enxergar tão linda gravura
Dia 10/09/83 Goiânia-GO. quinta-feira
Quinta-feira em Goiânia
O dia amanheceu tristonho
O ar todo embaçado
O sol não aparecia
Só havia mato queimado
Tomei café, saí na estrada
Da fumaça fui me livrando
O verde da mata à distância
A fumaça ia baixando
Tive um dia cansativo
Um calor abafante, chegava a queimar
Muitas serras, estrada pesada
Mas tinha que ir, não podia parar
O sol brilhava no asfalto
Meus olhos chegavam a doer
Mas, eu sabia do osso duro
Que ainda tinha pra roer
Na subida o bruto gemia
O calor intenso, o suor corria
Mas, na descida eu disparava
Só ouvia o barulho do vento
Num instante refrescava
Faltavam ainda três dias
Pra no meu destino chegar
Levava vinho e cachaça
Pro paraense tomar
Dia 11/09/83, Porto Nacional-GO, sexta-feira
Passei a noite de sexta-feira
No município de Porto Nacional
Plantação, la não existia
Só havia matagal
Já era madrugada quando dormi
Tinha motivos pra preocupação
A distância, estrada ruim
Até a mecânica do caminhão
Ouvia falar de assaltos
De roubos de cargas, até de matança
Sempre escolhia lugar pra parar
De olho na estrada e na segurança
Nas grandes descidas, nas curvas fechadas
Era muito comum uma cruz, uma flor
Heróis das estradas que perderam suas vidas
Emplorando socorro, morrendo de dor
Dormi até sete horas
Acordei muito assustado
Ao abrir a cortina e ver
Que todos tinham se mandado
Não ouvi barulho algum
O meu sono era pesado
Os meus olhos ainda ardiam
Sentia o corpo cansado
Só havia eu, ali parado
Com a cortina fechada
Nem café eu fui tomar
Pois estava envergonhado
Lavei o rosto no corote
Dei partida no caminhão
Aqueci o motor, saí na estrada
Fui fazendo uma oração
São Cristóvão é protetor
De motorista ajuizado
Quem abusa corre o risco
De morrer despedaçado
O sol ja estava bem alto
Não devia ter cochilado
Sabendo que ainda estava distante
E um só kilometro eu tinha rodado
Ao meio dia o sol era tão quente
Quase não dava pra aguentar
Se seguisse, o pneu estourava
Então a sombra ia procurar
Logo, retomei o caminho confiante
Muita pressa de chegar
Ficava relembrando o dia passado
Muita coisa ia ter pra contar
A noite chegou de mansinho
A lua surgia, clareava o caminho
Iluminava o asfalto, onde eu ia passar
Eu via as montanhas, num vasto silêncio
Não parava de pensar
Quantas coisas belas diante dos olhos
Queria que todos pudessem enxergar
Dia 12/09/83, Araguaína-GO, sábado/continuação na próxima postagem,
Rimando os versos por onde andei (02).
No ano de 1983 fiz uma viagem de caminhão saindo de Jundiai-SP. com destino a Belém do Pará, tres mil quilômetros de rodovias.
VIAJE COMIGO !
São três mil quilômetros de rodovias
Era um desafio constante
Mas orientado por mapas e placas
Eu seguia confiante
Muitos anos se passaram
Mas, com detalhes ainda me lembro
Saí cedo naquele dia
Terça-feira de setembro
Em mil novecentos e oitenta e três
Fiz uma viagem e tudo anotei
Tudo que via por onde passava
Anotava na agenda ou fotografava
Levantei cedo naquele dia
Mas quase nada adiantou
O carregamento foi em lugares distintos
Num instante a tarde chegou
Com o caminhão carregado
Os pneus trincando o chão
Ciente dos riscos da estrada
Batia forte meu coração
Precisava de muita sorte
Pois a distancia era bastante
De minha mãe tive a benção
Segui firme no volante
Meia carga de cachaça
Outra metade era de vinho
Ia deixando o aroma na estrada
Pra quem seguia no mesmo caminho
Saí na estrada ao cair do sol
Por seguidas horas só viajei
Vi cenas tristes na estrada
Mas cenas bonitas também avistei
O brilho do sol contornando as nuvens
Enormes planícies como nunca avistei
Sem tirar os olhos da estrada
Maravilhas contemplei
O sono e o cansaço batia
Chegava a hora de descansar
Mas eu tinha ainda muitos dias
Tinha muito pra anotar
Dia 09/09/83 Uberaba-MG. quarta-feira.
Passei a noite em Uberaba
Estado de Minas Gerais
Segui viagem para Uberlândia
Itumbiara já no Goiás
Tinha ainda muito chão
Mas me animava vendo o clarão
Do sol querendo raiar
Parecia uma bola de fogo
Subindo pra iluminar
Eu via tanta beleza
Agradecia a Deus nas alturas
Por aquele momento feliz
E poder enxergar tão linda gravura
Dia 10/09/83 Goiânia-GO. quinta-feira
Quinta-feira em Goiânia
O dia amanheceu tristonho
O ar todo embaçado
O sol não aparecia
Só havia mato queimado
Tomei café, saí na estrada
Da fumaça fui me livrando
O verde da mata à distância
A fumaça ia baixando
Tive um dia cansativo
Um calor abafante, chegava a queimar
Muitas serras, estrada pesada
Mas tinha que ir, não podia parar
O sol brilhava no asfalto
Meus olhos chegavam a doer
Mas, eu sabia do osso duro
Que ainda tinha pra roer
Na subida o bruto gemia
O calor intenso, o suor corria
Mas, na descida eu disparava
Só ouvia o barulho do vento
Num instante refrescava
Faltavam ainda três dias
Pra no meu destino chegar
Levava vinho e cachaça
Pro paraense tomar
Dia 11/09/83, Porto Nacional-GO, sexta-feira
Passei a noite de sexta-feira
No município de Porto Nacional
Plantação, la não existia
Só havia matagal
Já era madrugada quando dormi
Tinha motivos pra preocupação
A distância, estrada ruim
Até a mecânica do caminhão
Ouvia falar de assaltos
De roubos de cargas, até de matança
Sempre escolhia lugar pra parar
De olho na estrada e na segurança
Nas grandes descidas, nas curvas fechadas
Era muito comum uma cruz, uma flor
Heróis das estradas que perderam suas vidas
Emplorando socorro, morrendo de dor
Dormi até sete horas
Acordei muito assustado
Ao abrir a cortina e ver
Que todos tinham se mandado
Não ouvi barulho algum
O meu sono era pesado
Os meus olhos ainda ardiam
Sentia o corpo cansado
Só havia eu, ali parado
Com a cortina fechada
Nem café eu fui tomar
Pois estava envergonhado
Lavei o rosto no corote
Dei partida no caminhão
Aqueci o motor, saí na estrada
Fui fazendo uma oração
São Cristóvão é protetor
De motorista ajuizado
Quem abusa corre o risco
De morrer despedaçado
O sol ja estava bem alto
Não devia ter cochilado
Sabendo que ainda estava distante
E um só kilometro eu tinha rodado
Ao meio dia o sol era tão quente
Quase não dava pra aguentar
Se seguisse, o pneu estourava
Então a sombra ia procurar
Logo, retomei o caminho confiante
Muita pressa de chegar
Ficava relembrando o dia passado
Muita coisa ia ter pra contar
A noite chegou de mansinho
A lua surgia, clareava o caminho
Iluminava o asfalto, onde eu ia passar
Eu via as montanhas, num vasto silêncio
Não parava de pensar
Quantas coisas belas diante dos olhos
Queria que todos pudessem enxergar
Dia 12/09/83, Araguaína-GO, sábado/continuação na próxima postagem,
Rimando os versos por onde andei (02).