A Pena Por Não Estar Sempre no Mesmo Porto
Se pudesse partir da casa que moro sairia e deixaria no lugar as roupas que dão nome a minha alma. Há tempo que o que me pertence me chama, ir ao encontro do reluzo indescritível Daquele que se mantém no oculto. Contudo,a realidade fluída fez me deixar perder voluntariamente depois que foi esclarecido para minha lógica que o que está disponível é somente o agora como certo.
Até que tentei me manter estática para contribuir com a roda, como espantalho que protege a lavoura, mas o “deixa disso”, “vem pra cá” que passei ouvir, me fez criar pés e pernas, pulei dentro da roda. Se no ontem fui fogo, hoje passei ser gelo, amanhã disposta ser como correnteza rumo ao mar.
“Cavuquei” respostas junto ao céu e inferno do porque de tudo, passei vir de mim resposta sugestiva única que soa dia e noite no coração. O “Eu” que me faz pertencida diz que o amor é o administrador do caos que conheço como vida, o mesmo que me desafia ser ré confessa todos os dias, lançando palavras e questionamentos sobre ele.
Como leão na floresta depois da refeição, às vezes como lagartixa com uma barata entalada no esôfago, é assim que acabo ao final de tantas elucubrações.
O amor gratuito que sinto no estado de repouso na vida, a aceitação dela fica nítida, pacífica. Os motivos do bicho da sede tecer o casulo para se metamorfosear, as abelhas e todo trabalho complexo e organizado delas na colmeia, as multifacetadas formas de vida aparecendo e indo embora na roda da vida. Fico convencida, esclarecida nele.
Peço, suplico que na prática do perdão me incluem, por não estar sempre ali, no mesmo porto, do mesmo jeito, no mesmo lugar.