Inocência (Ofício - 1993)
O que se passa ao longe?
Um frágil risco de inocência, num ritmo claro da ciência.
Diria por ser inteligência, ou por tempo e paciência?
No eco da meia noite intensa, dos minutos perpétuos da imprensa,
reluz a alforria daquele que pensa.
E aquele que vive na inocência?
Nos lábios de papel de tinta preta,
resvala o hálito nas palavras de caneta
e olhando o quadro de paisagem de gaveta,
ele dorme nos ombros de grande graveto.
Um trabalho de sol, prolongando-se para estrela, sem horários, sem previsões, sem destino para vivê-la,
mas sem perguntas para os outros percebê-la.
Um dia a descobre, talvez seja tarde para perdê-la.