O Bastante.

Já tomou cerveja com diabo verde e não morreu.

Chás diversos, rezas brancas, bravas, negras, sobreviveu.

Bebeu tantas cervejas que desistiram de fabricá-las.

Fechou o punho quando a morte o mordeu.

Venceu a si, a dor, ao amor, ao tédio e o nojo.

Bebeu água de esgoto e espantou ratazanas no verão.

De tanta desilusão, seguiu adiante feito cão sem dono.

Vagou a esmo através dos despenhadeiros da discórdia.

Respirou fundo quando a loucura o acossou.

Assoviou sozinho na madrugada em becos escusos.

Participou da granfinagem e da desforra dos desprovidos.

Tapou os ouvidos diante ruídos.

Chorou à seco e sem um gemido.

Sabe um pouco de tudo e quase nada do Todo...

De iodo, Merthiolate e pontos perdeu as contas.

Comunista, capitalista, anarquista e nietzschiano, tomou banho frio na fonte da Sé esperança.

De tudo, valeu o mínimo da máxima socrática: nada sabe, desconfia.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 16/02/2017
Reeditado em 17/02/2017
Código do texto: T5914051
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.