A coluna do jornal que não foi escrita.
As letras ficaram no ar, esperando serem colhidas para fazer um ramalhete que iria colorir a manhã de tantos.
A chave não girou no painel do veículo. A geladeira não se abriu. Não houve roupas, acessórios ou sapatos a serem combinados. A maquiagem continuou guardada. Nada viveu, por que ela deixou de acontecer. Assim..., subitamente, sem prévio aviso, sem indícios, sem um razoável ou previsível motivo...apagou-se.
O que foi feito, conquistado e vivido estava garantido, estava consigo. O restante alí ficaria.
Que ouvira até então ? Aplausos ou críticas para suas atitudes, modo de viver, modo de pensar ou de sentir ? De que valia agora ? Naquele exato momento, só importa o que fez, o que viveu, o que sentiu, e como fez tudo isso. A intensidade de sua vida lhe colocaria a certeza de dever cumprido. A castração de suas vontades lhe provocaria a frustração de não ter realizado.
Talvez no seu íntimo silêncio, no silêncio particular que cada um de nós teremos em algum momento, baste a satisfação de se garantir protagonista de sua própria história. Sem delegar opções à outrens, sem buscar culpados, nem heróis. Que seu brilho norteie e inspire tanta outros trajetos. Uma vida bem acontecida justifica o tempo em que fez lume.
Letras sempre estarão a disposição, dispostas e receberem seu brilho, ambicionando tornarem-se constelação.
Não é vida finita, é vida que segue...de um outro modo, mas segue !
( homenagem à jovem jornalista Adriana Chaves.)