As Flores e Mamãe
Seria o jardim melhor que eu? Na beleza das suas variadas flores, que passam pela vida em um curto tempo e partem.
Para doar beleza aos meus olhos, as flores pedem o mimo da chuva, da relva da madrugada, do regar do jardineiro. Elas vivem sem esforço, não necessitam viver do trabalho de nenhuma engenhoca, dançam com o chacoalhar do vento, até ele é delicado com elas!
Plantinhas, todas; margaridas, crisântemos, orquideas e hortências, minhas preferidas; passivamente recebem apoio do céu, da terra e até do homem, para se manterem viçosas ao olhar.
O Mestre disse em sucintas e sagradas palavras, que não éramos para preocuparmos com as questoes da vida, se até os lírios dos campos Deus cuida.
E aqui dentro, na imaturidade do espírito, no comodismo da robotizacao das ações, escrava das emoções egoístas, me perco entre facas, foices e machados, tentando administrar as indagações e conceitos que criaram vida pelas minhas próprias mãos.
Estabeleço par com mundo externo ilusório e passageiro, acasalando com falas e óticas emprestadas, outras produzidas pelo ego que vive me representando na sua neurose,em um tempo e espaço que desconheço o comeco e fim dele, que oferece fonte inesgotável de emoções , projeções inquietantes e imaginárias, que uso como consumista assidua de drogas.
A inquietude do pensar vive como onda do mar, desde que sou gente enxergo a vida de uma mesma praia, mudo somente de posição e lugar, mas quando volto para cabana e apaziguo os sentidos do corpo, a velha conhecida menina pede repouso, como aquele estado visto das flores.
E dali daquele banco branco de madeira, entre cravos, rosas e margaridas, com mamãe na tarde de ontem e na ótica dela, vivi uma intimidade nova.
A serenidade e doçura de mamãe falando das rosas e cravos, sem fala acredito ter aproximado um pouco da compreensão dos motivos pelas quais flores e o jardins foram criados.
O Inventor e Desenhista de tudo isto realmente é supremo, soberano em vontade, em gênero, número e grau, caprichoso, perspicaz, pretensioso. Criou um contexto para mim ontem, para que eu O conhecesse um pouco mais.
Fez até eu calar! Logo esta peregrina sem prumo.