Alvorecer uniforme
Pela janela eu vejo os raios que iluminam a laranjeira e saltam do fulgor dourado das folhas. O feixe que atravessa a cortina ilumina aos poucos o interior da casa. Nesta manhã somo únicos. Histórias nunca contadas sobre noites que adentraram a madrugada e aos poucos, tornaram-se dia. Hoje vivemos e nos esquecemos do tempo onde as coisas habitaram o pretérito. Agora, tudo é singular. Um integrado de significados que todos temos em comum, mas logo nos esquecemos. Como acordar para uma nova vida. Onde o que se vê é apenas aquilo que é e nada mais. Pela janela eu vejo o brilho que salta da matéria viva do verde. Não são dois elementos distintos ou separados, mas uma única imagem. A combinação do olhar sobre a matéria e como esta se torna visível para quem vê. Um único sistema. Para o espectador, tudo é um só. O verde que resplandece, para nós, é o mesmo verde que nos observa. Somo então, o espectador, ou matéria? Pela janela eu vejo alvorecer o brilho que salta de dentro das folhas da laranjeira. - Me observam inertes. - Habitantes deste espaço uniforme onde vivemos.