O não dito
O medo de perder a cada dia é inexistente. Meu eu, como mecanismo de defesa afasta-se inconscientemente aos poucos do que poderia chegar a ser uma relação mais íntima, percebo-me uma egoísta em muitos aspectos de minha vida, apesar de não desejar assim ser, meus comportamentos sempre tendem a isso. Ao mesmo tempo idealizo relações recíprocas, com um nível de intimidade tão grande que não dá margem para amizades superficiais. Idealizo aquelas amizades em que há uma conexão verbal e principalmente não verbal, daquelas que já sabemos uma possível resposta do outro. E que um levantar de sobrancelhas é o suficiente pra compreender o que o outro quer comunicar.
Já tive tantas perdas em minha vida que perder algo que nunca foi real não iria doer tanto. O medo de perder se esvai, ao mesmo tempo, a minha insegurança, frigidez e minha vigilância aumenta de tal forma que preferiria sentir medo de perder. O medo continua, de maneira diferente, é compensado intensamente no medo de me doar. Já não sinto medo de perder, sinto medo em dobro de me doar e de que não haja uma reciprocidade nessa doação. Logo, meu eu entra em conflito. Como saber se a amizade realmente parte de ambos os lados?
Sinto! Sinto medo de me doar e de ser amiga, de ser lembrada pelo outro só quando convém.