SELF
Escondera-se o sol!
As sombrias formas,
de luz,
cobriam o cristal do espelho.
Lá estavam...
Mil faces, num rosto,
mutantes!
Falavam, todas, ao mesmo tempo:
____”Sou Deus-Homem
pelo avesso.
Cara ou Coroa
moeda...
Sou, eu, a face de quem?
___ Sou a doçura do fel;
um colibri de rapina,
gavião ou beija-flor...
A face de quem serei?”
Tonteiam-me o discernir.
A luz mostra-me os dentes,
marfins pontiagudos:
___ “Serpente encantada,
venenosa princesa...
quando essa rosa
desabrochará?”
A incerteza,
qual lobo raivoso,
mordia-me a alma
em noites de plenilúnio:
___ “Cara ou Coroa
moeda...
A face de quem serei?”
E juntavam-se as formas...
formando rostos,
disformes...
numa química
diabólica!
Rostos de pedra,
em corpos de lodo,
que sorriam histéricos...
estéreis,
vazios de emoção.
___ “ Moeda...
Cara ou Coroa,
a minha face, onde está?”
Do pântano,
profundo ,
emerge a gigantesca ostra
trazendo no seio
imaculado,
puríssimo...
a minha verdadeira face.
Um grito, de sons, vazio
anuncia
___ “Ei-la que nasce das profundezas!”
Sobre a lama fosforescente,
meu verdadeiro EU
pulsava na dolorosa serenidade de um
ESPINHO!