SELF

Escondera-se o sol!

As sombrias formas,

de luz,

cobriam o cristal do espelho.

Lá estavam...

Mil faces, num rosto,

mutantes!

Falavam, todas, ao mesmo tempo:

____”Sou Deus-Homem

pelo avesso.

Cara ou Coroa

moeda...

Sou, eu, a face de quem?

___ Sou a doçura do fel;

um colibri de rapina,

gavião ou beija-flor...

A face de quem serei?”

Tonteiam-me o discernir.

A luz mostra-me os dentes,

marfins pontiagudos:

___ “Serpente encantada,

venenosa princesa...

quando essa rosa

desabrochará?”

A incerteza,

qual lobo raivoso,

mordia-me a alma

em noites de plenilúnio:

___ “Cara ou Coroa

moeda...

A face de quem serei?”

E juntavam-se as formas...

formando rostos,

disformes...

numa química

diabólica!

Rostos de pedra,

em corpos de lodo,

que sorriam histéricos...

estéreis,

vazios de emoção.

___ “ Moeda...

Cara ou Coroa,

a minha face, onde está?”

Do pântano,

profundo ,

emerge a gigantesca ostra

trazendo no seio

imaculado,

puríssimo...

a minha verdadeira face.

Um grito, de sons, vazio

anuncia

___ “Ei-la que nasce das profundezas!”

Sobre a lama fosforescente,

meu verdadeiro EU

pulsava na dolorosa serenidade de um

ESPINHO!

Adda nari Sussuarana
Enviado por Adda nari Sussuarana em 12/02/2017
Reeditado em 12/02/2017
Código do texto: T5909984
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