Um Amanhecer Surreal (Heloísa Mamede/José Amâncio

A lua embalava meu sonho de mulher, querendo meu despertar na fantasia de um grande amor.

Vagueio entre as estrelas, no mundo fantástico da noite, a procura de um desejo de realização de prazer.

Encontro a colcha de retalhos, pequeninos fragmentos de pequenos e grandes momentos, um tecer inteiro de saudades. Quero sentir sua maciez, rolar meu corpo em puro encantamento.

Mas eis que o meu despertar tem algo do meu anseio, pequeninos pontos de luz se agitam no chão do quarto, prendo meu olhar no espetáculo surreal e reconheço pirilampos errantes iluminando minha manhã de alegria.

Heloísa Mamede

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

A lua naturalmente servia-se de abajur ao lado do meu catre tosco e perpetuado pelo uso.

Mesmo com seu brilho, sentia-se protegida pelas estrelas, que se deitavam sobre a minha colcha de retalhos de amores e corações emoldurados.

Que sono!...

Meus olhos hipnotizados e sonâmbulos faziam crer quê, ainda restava sobre o catre, um bando de pirilampos que esperavam o meu sono amanhecer.

José Amâncio

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -