Espectro
Em certas noites de lua oculta
quando o tempo cansa e silencia
seu arrastar de sedas e correntes
eu recebo das doces mãos da madrugada
os sonhos perdidos pela estrada.
Eles parecem vir de longe, de onde não há nada...
Assombrados, resvalando pelos cantos
como almas penadas, penas eternas
do que foi um dia a minha quimera.
Continuam belos sob a triste máscara
que tê-los perdidos lhes confere.
Desses fios entremeados pela noite insone
teço meu devaneio sobre um som distante...
O sonho de seu riso perto, canção errante
Anunciando meu nome como um espectro
a ser esquecido nos meus guardados velhos.