Psicopatas ( à flor do planeta-"1998")
Hoje tudo fala a língua do confundível; ouve as palavras da boca hipócrita; nela nem beijos, nem amor, apenas ela e seu mover de lábios rancorosos. Tudo digita enigmaticamente a linha de tudo,
o espaço do mundo, tudo atômico, febril, incoerente, eletrônico, tudo criativo demais.
O homem é máquina, metal e plástico e é inanimado de mente, perante suas criações;
com força e brutalidade, o homem é drástico, rústico,
proparoxítona e infinitamente bélico.
A vida já não são os campos, nem a fragilidade dos sentimentos.
É agora a inédita acrobacia, que se vendo de cima, não tem rede de proteção e não tem chão.
Hoje tudo fala demais, memoriza demais;
o fantástico, o surrealista, o dramático; e esquecem o romântico,
os pés descalços feridos; hoje já não ligam os ferimentos;
se liga apenas o contentamento ao contentamento do acerto de contas e as lágrimas à poeira da terra empapada de sangue;
de fome e de sede...
O poeta já pensa de maneira diferente, o irônico e o crítico,
já não ridiculariza comicamente; nada mais ignora mais nada.
Os biônicos e os lunáticos estão a flor do planeta...
Plantaram esquizofrenia...