O SENHOR DAS TARDES
(Diário de minhas andanças)
Um sorriso largo, uma falha entre os dentes amarelados...
Alguns sulcos na face denunciam-lhe os anos já percorridos.A voz é mansa, compassada e quando articula algumas palavras, sem que perceba, as entrega ao interlocutor como se fora um presente. [Destes que vêm embrulhados em papel celofane]
Tudo absolutamente coloquial, porém, de uma delicadeza cabocla, de uma serenidade que lembra a leveza de campos umedecidos após chuvas de verão.
Costumeiramente nos encontramos.Por vezes ele cruza por mim,pedalando sonhos em sua surrada bicicleta.
Vez e outra, percebo-lhe à distância subindo a ladeira,empurrando a magrela.
Seu indisfarçável cansaço,a cadência "única",tornam quase impossível não furtar-lhe a imagem.
O zoom da câmera me aproxima daquele seu olhar disperso como a buscar enredos para as últimas revoadas ao cair do dia.
Ah! Senhor das tardes...
Não sei de onde vens,para onde vais...
Aprendi a lhe querer bem e isso me basta.
Por vezes confabulo com meus botões:
Quantas tardes, quantos poentes,ainda nos restarão por estas estradinhas bucólicas?
Somos,Senhor das tardes, nesta vida, nada além de "andantes" mergulhados num infinito de divagações.
Dois seres despretenciosos,quase fora da realidade, que ainda alegram-se e sentem-se valorizados com uma singela saudação sob crepúsculos,ainda que em nosso íntimo,lateje a dor de não sermos aquilo que queríamos ser.
Joel Gomes Teixeira
Clic no link abaixo para ouvir:
https://www.youtube.com/watch?v=9BERQm0rba0
(Diário de minhas andanças)
Um sorriso largo, uma falha entre os dentes amarelados...
Alguns sulcos na face denunciam-lhe os anos já percorridos.A voz é mansa, compassada e quando articula algumas palavras, sem que perceba, as entrega ao interlocutor como se fora um presente. [Destes que vêm embrulhados em papel celofane]
Tudo absolutamente coloquial, porém, de uma delicadeza cabocla, de uma serenidade que lembra a leveza de campos umedecidos após chuvas de verão.
Costumeiramente nos encontramos.Por vezes ele cruza por mim,pedalando sonhos em sua surrada bicicleta.
Vez e outra, percebo-lhe à distância subindo a ladeira,empurrando a magrela.
Seu indisfarçável cansaço,a cadência "única",tornam quase impossível não furtar-lhe a imagem.
O zoom da câmera me aproxima daquele seu olhar disperso como a buscar enredos para as últimas revoadas ao cair do dia.
Ah! Senhor das tardes...
Não sei de onde vens,para onde vais...
Aprendi a lhe querer bem e isso me basta.
Por vezes confabulo com meus botões:
Quantas tardes, quantos poentes,ainda nos restarão por estas estradinhas bucólicas?
Somos,Senhor das tardes, nesta vida, nada além de "andantes" mergulhados num infinito de divagações.
Dois seres despretenciosos,quase fora da realidade, que ainda alegram-se e sentem-se valorizados com uma singela saudação sob crepúsculos,ainda que em nosso íntimo,lateje a dor de não sermos aquilo que queríamos ser.
Joel Gomes Teixeira
Clic no link abaixo para ouvir:
https://www.youtube.com/watch?v=9BERQm0rba0