A vida como um papel
Se defronte ao papel branco
nada mais me resta
O que posso nessa brancura
senão tentar uma palavra
que preencha esse vazio branco
sem linhas que me guiem o caminho
É nesse vazio branco
que dou conta de mim
entremeado de tantos que cruzam meus caminhos
E percebo que sou só eu
defronte ao papel branco
sem palavras e sonhos
O que é?
Me pergunto em silêncio
e não obtenho respostas
Então, é nessa busca
que me atiro
O abismo da minha existência,
eu sei,
não é o abismo que engole a todos,
não,
Esse mergulho, extemporâneo a mim,
é o mesmo que um dia, eu ainda criança,
me atraiu para aquilo que eu ainda desconhecia
Era o mergulho na busca em querer experimentar
o "Conhece-te a ti mesmo"
e assim cá estou hoje, já passados mais de 50
E confesso, ainda estou nessa busca
Porém, se algo posso dizer disso tudo,
numa só palavra digo: vivo