A vida vale por um dia de estio
Que dia fresco. Tem cheiro de chuva e de árvores molhadas, se sente a vida como se não houvesse pensamento, o corpo está leve como depois de um banho, no espírito há um ar de estio que lembra, por nostalgia, algum tempo passado, seja ontem ( porque choveu), semana passada ou na infância, quem sabe... Uma sensação invisível que só se mostra em cheiro. E raras às vezes sinto ela. E por hábito de observação indago-me sobre a febre de nada dos meus momentos tediosos, com dias cheios de vazio. Para onde fora? Se num instante, antes que eu abrisse a janela, o tédio me consumia de forma que só um mudo querendo falar entenderia.
Não tenho resposta... Perguntar a mim mesmo qualquer coisa, é como falar com uma parede. Fico nulo de pensamentos, não sei com quem falo. E me sinto ridículo e absurdo. Sou eu apenas em monólogos, quando não estou a pensar em mim, quando, como em momentos como este, sob a luz clara que ilumina a vida, deixo-me ser em palavras, não para esquecer-me, como de costume, desta vez para dizer-me ao outro que serei quando voltar a ler-me um dia, o quanto vale a vida por um dia de estio. Faz sol...
É quente...
... Eu brilho nele ele brilha em...