ROSAS DESAVISADAS




(Diário de minhas andanças)

Havia uma casa ali!
Sim! Eu lembro.
A varanda, uma porta, uma janela...
Na janela, uma cortina que ia e vinha obediente aos assédios do vento.
Na mesma janela, uma  senhora surgia de quando em quando apreciar o jardim.
A casa fora demolida, os olhos da idosa cerraram-se para os arbustos do tempo e a cortina,num velho baú, fez a alegria das traças.
Agora só ela - a roseira -quase sufocada entre urtigas e funchos,
abre-se para uma janela que não mais existe e ,desajeitada, perfuma o vazio das tardes.
Vez e outra, uma abelha solitária zumbe-lhe recados daquele rosto que a espreitava.
Pela estradinha de chão batido,singram passos em cadência de idas e vindas.
[Nem sabem que um dia...Havia uma casa ali]

Joel Gomes Teixeira

Comentário:

04/02/17 14:07 - CaminheirA

Endossando o comentário do recantista, Takinho: essa musicalidade
percebida na sua escrita, dá-se à pontuação acertada nos seus
textos!i!