A vida é um sonho dentro de um sonho

Toda a nossa vida, do acordar ao adormecer, é uma sucessão ininterrupta de monólogos, realidades que são rapidamente esquecidas, com exceção dos pontos de gravidade emocional, e quando lembradas no fim do dia, veremos que são tecidas no mesmo reino dos sonhos e da fantasia. Trafegamos entre afetos que lutam, afetos que caem, sensações variadas do que nos agrada ou não, impressões causadas pela seleção de imagens que remetem a um conjunto inteiro de experiências passadas, entrelaçadas no instante do agora, e chegamos a nós mesmos como um pacote de realidade compactada na sensação de alguém olhando por trás dos olhos. Tudo isso vivido subjetivamente no interior do silêncio próprio de cada ser, isolado no mesmo silêncio da matéria inorgânica dos dentes.

São mais que sonhos essas imagens, este mundo?

A sensação de nós próprio não é uma coisa real, ela não dura, se esvai no sono profundo, quando estamos sem estar, respirados por uma força maior que nos faz todo trabalho quando não estamos com a luz da casa acesa. Basta abrirmos os olhos, e lá estamos de novo nos sentindo a pensar que somos, mas não notamos a ilusão porque a rede de pensamentos é relacionada como uma ponte entre memória e a sensação que a mesma causa, que é apenas um jogo da palavra "eu" interposta com as imagens lembradas, uma crença que se estende quase inexistente pela sensação natural do corpo. Se comparada a sensação física de existir, não somos um pensamentos apenas, quando num segundo atrás não éramos e nem estávamos, dormíamos, e talvez, sonhávamos em algum outro plano...?

O que sou eu, senão apenas umas palavras..

O que é vida, senão um sonho dentro de um sonho...